SINCERO

 
Triste o olhar posto
para a amplidão deserta,
quando ninguém próximo
toca uma carícia no rosto
nem beija o lábio que desperta.
 
 
- De longe, somos retrato na parede
expressando um brilho de espera:
 
 
Nossos devaneios, quando verdes,
deram-nos os dias de saudade,
mas só tu foste, admirável quimera,
constante mulher de meu harém
(proibido de embalar-me na tua rede,
dormi os sonhos de ninguém).
 
 
Conservo os olhos calmos e tristes: esferas
solitárias plenas de castidade,
desatentas, também sinceras.


 
Poema integrante do livro "Carne Íntima", 1984.
Milton Moreira
Enviado por Milton Moreira em 21/03/2012
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