A rosa e o rouxinol

Ao por-do-sol, triste rosa a chorar sozinha

Em sutis soluços na rubra face, pétalas macias

Caiam lágrimas como gotas de doce orvalho

Que lhe deixava pendente, inerte, no frágil galho

Febris sussurros como se a brisa lhe emprestasse a voz

Permitindo à rosa contar ao mundo seu desencanto

Mas denso silêncio, ao seu redor, se fazia tanto

Que a pobre rosa não ouvia o tão terno e mavioso canto

De um rouxinol que a vendo triste lhe trinou belo gorjeio

E no gorjeio perguntava: Bela flor porque estás tão triste?

Tão belo rosto, rosadas pétalas, beleza de Deus divina

Porque estás tão triste? Meu anjo, bela flor menina.

A flor surpresa, levantando os olhos meigos, mas ainda tristes

Ao rouxinol, com meiga voz, entre soluços lhe contou a dor

Que sentia por ser sozinha, embora bela, ninguém lhe via

Nas noites frias dormia só e nas manhãs nenhum bom-dia

Calado, o rouxinol ouvia da bela flor a tristeza do seu queixume

E num trinado mais belo que qualquer um que já tenha dado

Olhou a flor bem nos olhos, olhos meigos de um rouxinol poeta

E à flor cantou a canção que só cantaria se estivesse apaixonado

De felicidade a rosa toda se desfez em lágrimas, e sua rubra cor

Mais rubra ficou ainda e... mais viçosa, e mais bela, brilhante até

E o rouxinol por tão feliz deixou nos olhos duas lágrimas rolar

E todas as manhãs acorda a amada com seu mais belo gorjear.

José João

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(Poesias e poemas)

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jose joao da cruz filho
Enviado por jose joao da cruz filho em 25/03/2012
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