AMOR DE MORTE
AMOR DE MORTE
O vai e vem da maré
Molhava e não molhava seu pé
Andando pela úmida areia
Pensava em sua sereia
Seu canto tinha sumido
Coberta de terra havia partido
Tudo agora estava emudecido
Nada mais tinha sentido
Olhava as ondas se desfazendo
A espuma a seus pés morrendo
Pensava estar vivendo
Mas pensando nela estava fenecendo
Era noite de lua cheia
Prateando o horizonte
Iria mergulhar naquela salgada fonte
Embebedar-se a mancheia
Subitamente foi adentrando o mar
Salgando todo seu corpo
Doce sensação de se entregar
Transformar-se num anticorpo
Deixou-se levar pela correnteza
Pensou escutar com certeza
Um canto que vinha do fundo
Mergulhou em um segundo
Foi o último cantar ouvido
Também havia partido
Não coberto de terra como sua amada
Somente de água, feliz para o mais nada