SENTENÇA

Tarde demais pra simplesmente abdicar do amor...

No que desembocou - o advento inverteu sua viagem derradeira

Sem ter a racionalidade costumeira e a candura do pudor

Sem ter o dissabor que não visita o fruto que embriaga sua videira

Apenas tendo sua mentira verdadeira e seu tenaz insípido sabor!

Já vai bem longe o que eu queria ancorado na razão

Nem disse adeus à minha mão e se agarrou aos braços do destino

Que lhe propôs o desatino e lhe obrigou à rendição

Até chegar ao patamar duma constelação, sob a canção de um novo hino!

Pois todos os lados da corrente são águas conspiratórias

Contando sempre as mesmas histórias ao repintar um quadro antigo

Sem mensurar como castigo ou cogitar o avanço proibido das horas

Na corda bamba das demoras e no assédio do desejo inimigo!

Que assim será, por mais que seja cedo pra ser tarde

Porque já me invade o que se alastra muito além da indiferença

Igual sentença sem recurso e cujo tempo nunca abate

Igual um jogo empate, onde convém-me a perda pra que eu me vença!

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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor

http://www.reinaldoribeiro.net/

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 23/04/2012
Reeditado em 23/04/2012
Código do texto: T3628458
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