Choveu na Serra!
Mas, desta vez, ninguém ficou molhado, no sentido literal da palavra, talvez, apenas me umedecessem os olhos de grata emoção..
Então, choveu o que? - perguntarão os mais afoitos.
Pois, eu lhes digo que durante os três últimos dias o que choveu lá no sítio, em Friburgo, foi poesia.
Poesia solta no ar, fragrante, quase palpável!
Mesclando-se ao ar de fino frescor, encobrindo as árvores, arbustos e flores, as esculturas de deusas gregas,  impregnando-as de beleza, de terna amizade, de inefável tranquilidade,  tudo evocado pela companhia da nossa   Ana Flor do Lácio, uma das grandes poetisas Recantistas, que nos deu a honra de poder recebê-la e com ela  e João, seu marido, conviver num comprido fim de semana.
Foi desse congraçamento extremamente feliz que aconteceu a chuva de poesia!
E por ter-me banhado nessa bendita chuva, não poderia escapar aos seus efeitos e, em homenagem ao querido par, envio a eles e a todo o amado grupo do RL, esta nossa homenagem.
                                            FOLHA  MORTA
Perdi você, sou folha de outono,
Que se desprende do galho,
E que a leve brisa carrega,
Em volteios graciosos, talvez
Para distantes  paragens.
 
                 Quando apegado a você,
                 Com o verde viçoso da vida,
                 Sugava sua energia, com
                 Tanta sofreguidão e amor,
                 Sem jamais pensar no fim.
 
Foram verões luminosos,
Primaveras radiosas,
Tanta luz irradiamos,
Tanta beleza criamos,
Mas o outono chegou.
 
                 Fui arrancado de ti,
                 Estou só e ressequido,
                 Não do amor que sempre tive,
                 Mas da amarga certeza,
                 De encontrar-te jamais.
 
Enquanto giro no ar,
Sem ter aonde parar
Sinto com alegria suprema,
Saber que em seu cerne deixei,
A indelével marca do amor!
                                    
paulo rego
Enviado por paulo rego em 24/04/2012
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