TENHO MEDO

tenho medo de ti como de um rio

cuja profundeza não conheço

medo das águas agitadas e escuras

da correnteza que escorrega sobre as pedras

e dos caminhos longínquos e perdidos

tenho medo de ti, dos teus segredos

das tuas noites solitárias, dos teus ermos

da inconstância que me assusta os sonhos

da tua força sem medidas sobre o tempo que vacila

tenho medo da tua sombra sobre mim

tenho medo de ti como de um lago

dessa calma sempre atenta de águas claras

da grandiosidade do céu sobre as montanhas

vendo a pequenez do barco sobre as águas

os limites do horizonte ao fim da tarde

tenho medo de ti como do mar

quando as ondas me puxam para o fundo cada vez mais

mas que me atrai para as ondas, para a espuma

para o prazer de navegar e ainda mais