Voo

Por que eu deveria

deixar de me iludir?

Que régua traça

essa linha hamletiana

de Ser ou Não Ser?

Eu quero os holofotes coloridos

dos sonhos indevidos

e as lantejoulas brilhantes

da pura inconsequência.

Recuso-te árida realidade

dos homens tristes.

Recuso-te angústia

dos limites férreos de

inúteis esquemas

e fascistas sistemas.

Que eu seja Zaratustra

e nietzschiano vença

as alturas dos arames

e paire sobre as agruras,

pois nasci nas Montanhas

e o vento canta comigo.

Venha sim, Princesa,

ainda que digam,

é alta, nobre, pura e bela

a grandeza de toda cor.

Voe comigo, pois eis que

existir é maior que o abismo

e somos deuses

com vontade de viver...

Para C.