sofia E O Suspiro de Julho - 4 O Crepúsculo De Nós Mesmos

Nós lutamos, cuspimos o fogo,

Cuspimos entre os dentes o orgulho.

Não há chuva, só frio.

Não há chuva, existe o tambor.

Damos sorrisinho sem graça

Para a brecha que iluminou pela fresta

Da velha janela, olhamos o brilho

E demos aquele sorrisinho sem graça.

O pierrô chorou a noite toda,

O poeta mais uma vez pintou as paredes

Com suas canções de amor

E os sinos de julho no compasso dançam.

E demos as mãos,

Fizemos nosso casamento,

Traçamos alianças, um pacto coroado

E melancolicamente o frio nos condena.

Bate, bate tambor.

Bate, bate, as lagrimas do pierrô escorrem,

Escorrem nesses olhos meus.

Bate, bate o tambor. Crepúsculo.

E brindemos nosso casamento,

Alianças de fumaça, bebidas de vento,

Solidão nossa convidada.

Demos as mãos e caímos num horizonte qualquer.

O tambor bateu. (talvez pra nós)

O tambor bateu. (mas era o suspiro de julho)

O tambor bateu. (era o pierrô em agonia)

O tambor bateu. (Sofia não está aqui)

E criamos,

Criamos o crepúsculo de nós mesmos,

Um matrimonio descolorido

E deitamos, deitamos pra selar o amor.

Suspirou, ah, suspirou.

Você e eu, crepúsculo de nós mesmos

Deitamos, deitamos num horizonte imperfeito.

E os sinos de julho tocam,

As crianças das arvores piam

E congelada no frio da melancolia...

Eu vi. Eu vi a Afrodite no frio.

Rodrigo Arcadia
Enviado por Rodrigo Arcadia em 18/05/2012
Código do texto: T3675274
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