Toque…

É uma da manhã

A hora de deitar

A hora de nos termos

Um ao outro

A hora de te tocar

Mas apesar de o conseguir

Sinto que a tua cabeça

Está num outro lugar…

Porque o toque

É um todo

Que se quer completo

Mas quando eu te toco

Sinto que estás algures

Menos que estás perto…

Estás longe

Embora a tua pele diga o contrário

E sinto que entras em contradição

Porque o teu toque tem apenas uma parte de ti

Porque a outra

Está perdida algures na imensidão…

No espaço profundo

Que era suposto a mim apaixonar

E não te servir de refúgio

Por onde costumas escapar…

Perante a minha impotência

A minha incapacidade

Perante este tipo de separação

A minha incapacidade

De ler nos teus olhos

O mistério desta cisão…

Porque como no espaço profundo

Os teus olhos escondem o mistério

Desta separação

Mas ao passo que podemos mandar sondas para lá

Para esse espaço

De forma a descortinarmos o que ele esconde

Por muito que te inquira

Nunca sei o que se passa realmente contigo

E sinto então

Que esse espaço profundo espacial

De mim

De nós

Está bem mais perto…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 28/05/2012
Código do texto: T3691840
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