Você e eu: nunca e sempre.

Você é a corda que se partiu do meu violão,

a melodia que escapou no vácuo do tempo,

a clave de sol que entortou minha vida,

é a luz que teima esconder-se nas frestas de madeira,

é a música no vinil que prende a agulha em seu sulco,

é a tormenta que teima em afundar meu barco,

é a dor que me bate fundo nos dias de chuva na janela,

é o assovio que não sai da minha mente,

você é a erva daninha do meu jardim,

você é tudo que eu sempre quis em mim,

você é meu paraíso mesmo nas chamas do inferno,

você e eu somos o nunca e o sempre...

.

Eu sou o inseto que a deixa à beira da histeria,

o medo que a corrói de dentro para fora,

o incerto que a faz duvidar de si mesma,

sou o barulho da obra que não lhe deixa dormir,

sou o silêncio que a assusta nas madrugadas insones,

sou a gargalhada que brota de repente vinda do nada,

sou o pesadelo que a acorda quando o perigo se aproxima,

sou a música que a magoa em cada lembrança,

Eu sou sua mais bela mentira em uma verdade tão triste,

Eu sou sua pior chance de felicidade nessa vida,

Eu sou sua melhor lembrança de amor à beira da morte

Eu e você somos o sempre e o nunca...

.

Mesmo assim as pessoas dizem que não somos nada juntos,

mas a vida avança como carros seguem um sinal verde,

suas mãos geladas buscam o abrigo que luvas jamais darão,

seu olhar procura na multidão olhos que não sejam os meus,

em cada ilusão você tenta se enganar sobre o que sente,

e eu persisto em meu orgulho cortando minha garganta,

nesse amargo fel de uma lua de mel nunca vivenciada,

esperando na escuridão a derradeira hora da partida,

sem que haja mais luz a ferir uma visão de mundo já cega,

olhos que não suportam mais vê-la na transparência dos sentidos,

olhos que se perdem quando o coração já não encontra razões,

quando as lágrimas rolam como nevascas no estrondo da montanha...