Profeta

Apenas boas lembranças povoarão meus dias;

Resquícios de um passado presente e indelével.

Vidente por natureza, predirei a felicidade costumeira,

Sem alusão ao doloroso inverno.

Tenho a luz como guia e a sombra como escudeira.

Não me desterrem os vendavais constantes!

Jorrarei às noites e beberei de dia.

Estarás disposta a ouvir-me pelo instante?

Quantos lampejos de teus olhos inda verei nas planícies?

Desejo-os sempre, mais do que antes.

O suficiente.

Brindaremos ao acaso e brincaremos com os passantes,

Revelando sonhos pelas esquinas,

Trazendo à folia os errantes.

Serás fonte perene deste Amor cigano e eterno.

E eu serei teu elo.

Seremos a memória do que somos, sem mistérios.

Reinaremos em murmúrios e solfejos, em ígneo solo,

Em jusantes de deleite e alegria.

Que os céticos mirem-se em nossa lascívia

E os loucos a condenem ao sortilégio,

Pois será praga a consumir corações pétreos.

Glória aos amantes!

Cura aos imberbes!

Serginho Maresias
Enviado por Serginho Maresias em 05/02/2007
Código do texto: T369974