Solstício.

Em que rocha aprisionaste teu coração?

Das pedras viemos e a elas voltaremos

No curso normal de nossa existência.

Já fomos pó, e ao pó tornaremos.

Não precisas aprisionar o ser vivente...

Morres antes mesmo de conhecer a dor

Da alma despedaçada,

Lamentando-se por não ter vivido entre os presentes.

Preferes a ausência e a abstinência?

Talvez devesses ver como choram tua falta...

Antes de buscares o claustro para tua nascente,

Jorra-a por todo o sempre!

Deixa fluir o sangue que te corre...

Não o estanques em leito inconsciente.

O vermelho é para o amantes

Como a armadilha para os inocentes.

Eles precisam ver o quanto sonhas...

Precisam ver o quanto sentes...

E eu preciso de ti nas minhas horas

Para não morrer contigo, mas por ti somente.

Preciso ser a estrada por onde corres

E ver tua silhueta no crepúsculo,

Quebrando as pedras por onde morres

E enterrando os medos que te socorrem.

Preciso ver-te à luz do dia...

Por que, então, choras?

Serginho Maresias
Enviado por Serginho Maresias em 05/02/2007
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