AQUARELA DE UM SONHO

AQUARELA DE UM SONHO

Aquarela de mulher excêntrica e vaidosa,

Como é estranho este teu lângüido pensar!

Esta cisma persistente e assaz desastrosa,

No meu caminho, jamais deixarei passar!

Satírica maneira que te faz tão escabrosa,

Vendavais rumorosos arranjas por gostar,

Sou teu alvo certeiro, ó arqueira ardilosa!

Por que tanto me queres a vida desgraçar?!

Não és ninfa de desejo, mas... fastidiosa,

Ser monturo, desejando a todos enganar;

Tu és frívola e tens a honraria desditosa,

Amor em verbo ainda não sabes conjugar.

Ausentas-te do delírio em ser carinhosa,

Que tanto te preocupas em querer mostrar,

Tens n’alma a drofa de mulher inditosa,

Ignota e doidivanas és, no sentido de amar.

Centúria de mulheres lindas e formosas,

Tem no escaparate do mundo a sobrar,

Teu amor que dás são chagas dolorosas,

Por isto não quero e nem posso aceitar.

Fiteiro de princesa não te faz div’airosa,

Nesta vida soturna nada tens a acrescentar,

Lembras-te que nunca foste a espirituosa,

Tampouco virtude a ti não foi dado portar.

Amas com palavras, colcheta astrosa!

Esposas o mal, querendo a mim ceifar.

Meu lirismo d’alma ingênua e afetuosa,

Canta versos de amor para a vida rimar.

Rivadávia Leite
Enviado por Rivadávia Leite em 05/02/2007
Código do texto: T370182