Que nome tem esse senhor?
Arrumei minhas malas
Vou partir com a solidão
Deixando para trás a ilusão
Dos deleites de uma paixão
Sou escrava da pele
Do hálito, do bocejar
Do olhar malicioso
Da voz grave ao falar
Se a ausência de ti
Me lança a exclusão
Vou partir com minha dor
E viver com resignação
Quero a paz em minha alma
Mesmo que aja guerra em meu peito
No compasso dessa marcha
Vou desbravar em silêncio e velar-me em segredo
Que venha comigo a esperança
Que me ampare a elegância
Que eu sobreviva com alegria
E seja real a loucura
O insano que brota do ser
É mesmo carrasco que o oprime
Como podem ser antagônicos
Os rebentos da mesma entranha
Como podem se contrapor
Se são um
Se sua força motriz
É o que nos faz chorar e sorri
Ó escravidão da loucura
Que cresce e vira algoz
Ó sentimento rebelde
Que seu ácido é a base do existir
Volta ao cerne de onde veio
Decomponha-se e retorne ao caos
Aquiete-se ao nada de onde surgiu
E permita que a brisa volte a tocar-me
Pois és carrapicho em minha cútis
És uma nódoa em tudo o que de mim conheço
És um desvalido audacioso
Que acampou em meu coração
Se acaso não és o amor
Que nome tem esse senhor
Que chega pequenino e abobalhado
E transforma-se numa fera sem pudor