As vezes, bálsamo.

Eu vou pela rua vazia

Lembrando quantas e quantas vezes

Em meus braços esteve, minha.

Lembrei do amor que nos uniu

Cada instante de afeto

Cada vez que me sorriu

Nossos planos de vida

Pela longa estrada a trilharmos

Trilharmos de mãos unidas

Até que a dor me rasgou

Naquela manhã tão negra

Quando a vida lhe me tirou

Um raio desceu do céu

E em meio a um grunhido de dor

Minha boca se encheu de fel

O sol nuca mais luziu

Em eterna penumbra vivi

Minha alma também partiu

Fiquei pela metade

E não existe meia vida

Não há mais felicidade

Chorei toda a dor

Rasguei quantas vezes meu peito

Havia morrido o amor

E numa manhã caminhava

Pela calçada cansado

Numa rua arborizada

Numa praça me sentei

E numa súplica a Deus

Meus olhos baixei

Por anos havia chorado

Sem viver, sem mais nada sentir

Só um amor não saciado

Com minhas mãos enrugadas

Fechei meus olhos

E com minha alma inundada

Pedi ao Senhor por bondade

Que me libertasse dessa morte

Que levasse à eternidade

Tal qual pássaro na gaiola

Minha alma já morta

Nesse corpo que a assola

Então um arrepio senti

E chorei pela última vez

E com gratidão sorri

Recostei a cabeça no encosto

As lágrimas secavam em meu rosto

Quando comecei a partir

A liberdade chegara

e a alegria por fim

Havia chegado prá mim

Não lamentem minha partida

Não se entristeçam amigos meus

Pois agora irei para a vida

Como visitante esperado

Como água para a sede

Eu a havia ansiado

Tal qual bálsamo sobre ferida

Chegou a morte da dor

E por fim, a alegria da vida

Estou voltando ao caminho

E me unindo a você querida.