NÃO!
Em cada boca que beijei,
procurei o teu sabor.
Não encontrei, não gostei,
cresceu em mim mais que o rancor.
Em cada abraço perseguia
a certeza de ser feliz,
mas nada de paz sentia,
a lua do sossego não me quis.
Em cada corpo, cada pele,
busquei teu cheiro, tua textura.
Senti a virilidade de tantos,
mas jamais a tua ternura.
Menti e me dei
a quem não me merecia,
sem perceber que, com isso,
mais e mais me feria.
Diante de ti, me apresento
mulher de corpo ferido,
mulher de alma rasgada,
de olhar triste e perdido.
Centro meu olhar
nos dedos de tua mão
na esperança de receber
o teu afago de perdão
ou o gesto fatal
de um "não!"