A ALMA POSSUÍDA

A ALMA POSSUÍDA

Eis que me vejo na tênue luz refletida da lua nos teus olhos castanhos, eis que te vejo na imensidão do céu de tantas estrelas azuis, e por mais que eu queira, só consigo enxergar que o céu e a lua são castanhos.

E o amor sempre esteve aqui, mas nunca fora sentido, contudo, sempre achava que algo existia, sentia até paixão, e por vezes, sentia suas chamas a me consumirem, porém, nunca antes tinha sentido a alma possuída.

Andava adormecido, andava em profunda comoção, mas o amor sempre esteve aqui, impassível, indolente, indomável, guardado nas profundezas do sentimento, sentia até a chuva, e por vezes, sentia seus pingos rolarem no meu rosto, porém, nunca antes tinha sentido a alma possuída.

Não era concebível o amor, apesar de sempre querê-lo, não era afeto ao chamado do coração, apesar de sempre querê-lo, não reconhecia sua força, apesar de sempre querê-la, sentia até o sol, e por vezes, sentia seu fogo a queimar meu corpo, porém, nunca antes tinha sentido a alma possuída.

Ouvia vozes a me chamarem, ouvia clamores a me suplicarem, e apesar do amor sempre estar aqui, não entendia seu chamamento, sentia até o vento, e por vezes, sentia a tempestade embaraçar meus cabelos, porém, nunca antes tinha sentido a alma possuída.

(28.10.2003)

Semio Soares
Enviado por Semio Soares em 07/02/2007
Código do texto: T372569