ENCONTRO DAS ÁGUAS

As negras águas do Negro

Se encontram com o Solimões

Assim como os corações

Demoram em criar apego

Lado a lado em direção ao mar

Nas profundezas, o desconhecido

Na superfície, o deleite dos sentidos

A imensidão, na água e no ar.

No encontro, um desenho sem régua

Nos meandros de muitas cores

Formando folhas, galhos e flores

O caboco admira-se e suspira: “Pai d’égua”

O homem racional fica estupefato

O Criador lá do alto está a sorrir

Cálculos humanos não vão descobrir

A complexidade do divino ato.

Assim, a mais nobre criatura

Sente inveja dessa criação maior

Mas sabe que ali também há amor

Como tudo, na natureza pura.

Diante disso o arrogante fica manso

O inteligente revê os seus conceitos

O orgulhoso minimiza seus feitos

Pois todos são parte do remanso.

Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 16/06/2012
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