Crucificada

Das tintas eu crio as cores,

manipulo a sombra e a luz...

Nos pincéis eu sangro as dores

que só a imagem traduz.

De que me servem as flores

e as noites de céus azuis,

se, sempre, por onde fores

o teu rastro me conduz?

Eu não quero teus louvores

pois o céu não me seduz...

Me deixa morrer de amores

pregada na tua cruz.

Quero ser crucificada

sob a luz dos castiçais

até dormir encantada

ouvindo teus madrigais,

Despida, toda pintada

pela lua nos vitrais...

Sobre os teus braços pregada

pra não sair nunca mais.

Hevelyn
Enviado por Hevelyn em 10/02/2007
Reeditado em 10/02/2007
Código do texto: T375762