A ROSA RUBRA DE CARMIM

A rosa rubra de carmim

Ali sozinha diante do espelho,

Ela abusava do carmim,

Ser outra vez rosa rubra,

No velho e triste jardim.

No carrossel ao vento,

Balançando contra o tempo

Ela girava, girava e sorria.

Era mulher, jovem, menina.

Brincava de se esconder

Corria dos revezes da vida

Silenciosa e escondida

Numa interminável viagem

Vivendo cada personagem

Como se fosse alada

Alcançando outras paragens

Transmutava-se até em fada

Pisando o duro chão do palco

Ela sentiu faltar-lhe algo

O calor forte do aplauso

O carinho doce do amor

E num sorriso triste de dor

Ela murchou como flor

Que cai ao solo

Queimada pelo forte calor

Caiu ao chão silenciosa

A plateia ficou curiosa

Aguardando em suspense

Sua volta gloriosa.

As cortinas não se abriram

Suas pétalas mortas

Encerradas nas pupilas mortas

E na boca tão torta

Não sentiam mais a brisa

De vida que tentava subir

E animar os gastos tecidos

De tudo que poderia ter sido.

Jazia com rosto tão infeliz

Vestida como meretriz

Que vendera todo o seu tempo

A dar prazer ao vento.

Num canto triste do jardim,

A morte espiava gloriosa,

A velha e morta atriz,

No seu último gesto, FIM!

Aradia Rhianon
Enviado por Aradia Rhianon em 15/07/2012
Código do texto: T3779569
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.