Não há remédio
Velar-te-ei vivo em meu coração
Será um lindo soneto a recordar-me
Neste amor febril seguirei
O silêncio sepulcral há de preservar-me
Vivo na penumbra de um sentimento
Um derrame inflamado e dolorido
Um cálculo renal a castigar-me
Fragmentos de silício em cálices renais
Não há remédio para um ser apoderado por outro ser
Um unguento a tamponar tal injúria
Como um ácido a corroer-me,
Assim é este átomo em colisão com minha verdade
Não há remédio, repito, não há remédio.
É um veneno a intoxicar o sangue
Uma fumaça a penetrar os alvéolos
Transgredindo a homeostase, a perfusão a ventilação.
Vai embora, seguindo teu caminho numa longa jornada.
Deixando-me velada sem conhecer a corrupção
Embora m'alma corrupta em singelos suspiros não se poupou de pensamentos insanos.
Em cujos sonhos desolados
Retorno ao bom juízo
E admito que para tal mal não há conserto
E que esta nódoa, hora virtuosa hora viciosa.
Estará sempre em tudo que tocar
A renúncia de uma vida
Para numa outra vida se tornar
É atravessar um oceano
E nunca mais retornar.