Quando eu era anjo

Quando eu era anjo,

tinha um par de asas.

Não para o vôo,

para a ascensão do verbo,

para a flutuação da alma.

Eu falava a linguagem dos eleitos

e, louca, era criança

na concepção do amor.

Transpunha meus limites

quando em êxtase tangia

a eternidade dos amantes;

quando tinha o céu nos olhos

e dormia sobre plumas

numa nuvem de algodão.

Quando eu era anjo,

tinha um par de asas,

e o dom do amor;

a divindade passageira

no milagre da unidade.

Partiu-se minha asa esquerda,

a do coração,

o encanto derivou

para a condição humana

dos que existem sem viver

e eu cai da minha nuvem

por não ter sustentação.

Hevelyn
Enviado por Hevelyn em 13/02/2007
Código do texto: T379401