Tempo de Solidão

Vejo o tempo passar por mim,

Implacável, em seu caminhar,

Deixando, sem se importar,

Suas marcas que, pouco a pouco,

Mais e mais se aprofundam...

E eu fico a pensar...

Por que meu coração

Teima em permanecer

Jovem, irrequieto,

Indiferente ao tempo...?

Se me olho no espelho,

Vejo a sua passagem,

Mas, bem dentro de mim,

É como se ele tivesse parado

No esplendor da primavera,

Ou no calor gostoso do verão...

Mas, muitas vezes, também,

Na solidão da minha intimidade,

Sinto que o inverno não tarda

Com seu frio enregelante...

Estremeço na base, procuro nele não pensar,

Porque me deprime a alma

E me lembra que estarei só,

Quando ele se aproximar...

Mas, como eu gostaria que estivesses

Juntinho ao meu coração...!

E que os nossos corpos cansados,

Tivessem um ao outro para aquecer,

Nos últimos invernos que virão...

Maceió / 1985.

Valderez de Barros
Enviado por Valderez de Barros em 13/02/2007
Reeditado em 22/01/2008
Código do texto: T380166