Vazio









Por que se assenta á beira do caminho,
tentando ludibriar a morte que passa?
Tudo o que se quer é ver o fim das coisas,
não em si mas no peito de alguém.
Quem ensina as coisa a serem ditas,
abarca sua alma e a leva embora,
prevê as falhas de uma frase perdida,
e reescreve o destino que não tem forças pra ser.
A morte está além do que se vê,
e não pertence a essa solidão maior que nós.
É o vento que assalta as flores
e invade a casa há milhas de distância,
falando de uma lonjura incalculável,
e de distantes suspiros que ficaram na estação.
Porque é assim que o tempo doi mais.


Só me resta enterrar essas agonias todas
em páginas que ainda nem foram inventadas.
Só preciso morrrer um pouco menos,
para que sua vida persista, nem que seja no poema.
Eu entendo os estragos e o esquecimento divino...
mas não quero o que se fala automaticamente,
nem os caminhos cansados rasgados na terra.
Prefiro a chegada e a partida certa,
em invisíveis e indevassáveis caminhos pelo mar.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 05/08/2012
Código do texto: T3814247
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