Amargo às cinco

Fez-se tarde enquanto bebia seu café amargo

Replicando seus dias até ali

Enquanto namorava suas lembranças mais doces por alguém

Assistia alguns sorrisos fáceis

E outros tão difíceis nas lembranças encurtadas

Sem companhia, bebia pouco a pouco

Fixando seus olhos n’outros mais felizes

Fez-se noite enquanto bebia seu velho café amargo

Amarrando-lhe saudades...

Enquanto a moça de vermelho lhe cruzava a vista

De laço nos cabelos, enlaçava o sorriso ainda amargo

Moça de pele branca e leve... Livre da poeira dos dias

Descreveu-a assim:

“Invadira minha solidão por ela mesma, com a voracidade que a doença invade o enfermo, ou seriam meus olhos invasores de tua beleza? Aos olhos construíra estrada desnorteada, como as que preferira, eu, em dias de amor. O sentimento era de latifúndio tomado... Tanto espaço ocupado e distribuído a ela mesma, apenas por cruzar meus sonhos amargos. Recebera escritura de meus desejos puros e impuros, por assim dizer. Fez-se conflito em tempos de trégua e entrega de armas... Fez-se pintura em tela viva, ocupação da terra vazia de tudo... Fez-se diálogo em cinema mudo”.

Pedro Hermes
Enviado por Pedro Hermes em 11/08/2012
Código do texto: T3825755
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