Teu enigma
Um violino triste sobre a mesa
onde a rosa se desfolha suicida...
Melancolia de acordes
submersos no silêncio
na inútil companhia
da essência que se esvai.
Sobre a toalha de seda branca
há um balé de sobras frágeis
das velas do castiçal:
versão do Lago do Cisne
onde morres de cantar.
E no mundo encantado
em que brincas de viver,
todo sonho que constróis
é um enigma sonoro
a enganar a solidão.
A flor que tu cultivas
é de nuvem e se evapora,
é de água e se dilui...
E nem mesmo a magia
que possuis irá contê-la.
- Canta menestrel das rosas!
É pecado o jardineiro
ter qualquer predileção,
teu ofício não permite
algum zelo em demasia.
- Canta menestrel das rosas!
Esse código é tão frágil
sob os sinos dos ocasos,
sob o arco da manhã
que a flor tu exilas
grita auroras nos teus olhos.