A moça

A moça sentada, largada na beira do mar

Deságua no peito triste a angústia por não ter

O bem que há tempos prometera infinita paz

A moça deitada, sozinha molhando os pés

Enquanto do rosto escorre o mesmo gosto do mar

E na vida se põe a pensar

Em quantos dias e noites a vida caminhará

Pra longe do peito, tão calmo, daquele tanto amar

A moça, parada, olhando o mar, escuro e sem graça

E a vida inteira vai longe dali

E a moça ainda ali

Amanhece sem nada nem ele

Procura na sacola uma garrafa

E no mar atira sem culpa

Traz de volta e sem demora

Pra que todo dia seja hora

O que há muito já mora

No peito dela e que dele se perdeu

Em todo mar uma garrafa largada

E a moça lá sentada

Que espera um poema voltar

E não volta...

Olha pra dentro, moça sem rumo

Volta pra casa

E lá vou estar

Pedro Hermes
Enviado por Pedro Hermes em 16/08/2012
Código do texto: T3833690
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