O AMOR EM TEMPOS OUTONAIS

VIM PASSEAR NAS TUAS VÁRIAS FACES EM FOLHAS.

RECEBERAM-ME ELAS EM EXPRESSÕES SUAVES.

DE ANGÚSTIA, SENTIDA MELANCOLIA, DOR E PERPLEXIDADE.

COMO TAÇAS DE CRISTAIS GUARDANDO O TEMPO PERDIDO.

HÁ UMA BRUTAL NECESSIDADE DE SENTIDO EM TUDO.

DE ENTENDERMOS O AMOR EM SUAS FOLHAS DE OUTONO.

NAS MALAS ARTISTICAS DOS ENCANTAMENTOS.

DORMEM OS ROTEIROS DOS SENTIMENTOS NÃO EXPERIMENTADOS.

AS FOLHAS CAEM ABRAÇADAS A LASCAS DE UMA SAUDADE

VEJO NAS TUAS FACES, LIVROS JÁ LIDOS.

DE ARTES, POESIAS, ARQUITETURA, CULINÁRIA.

VEJO NELES OS MESMOS VELHOS MOTORES DA SENSIBILIDADE.

ONDE ENCANTAVAS-ME, ATROPELAVAS-ME E POR FIM, MATOU-ME.

AS TUAS FACES QUAL ARVORES NO PARQUE PÚBLICO.

O ROSTO, COMPLEXO RESIDENCIAL INTIMO.

NAS JANELAS PERGAMINHOS, FALANDO DE NÓS.

O AMOR RESSENTE-SE DA POLPA.

O AMOR DESCOLORE ALCOVAS PROXIMAS.

VIVE AS SOVAS COM AS ILUSÕES PARALELAS,

AS TRAÇAS IMITAM AS ARANHAS.

VÃ ESPERANÇA DE TRAÇAR AS TEIAS ETERNAS.

SINCERIDADE E FIDELIDADE EM FIOS FRAGÉIS.

INFINITA, A ALMA SUSTENTA O ESPECTRO.

A LUZ ILUMINA O VERSO.

CADEIRA BALANÇA O SONHJO CONTIDO NA GELEIRA.

FIZERAM UMA ESTÁTUA DA SAUDADE.

SENTANDA EM UM BANCO DA PRAÇA, LENDO UM LIVRO.

NINGUÉM A OLHA.

DIGO AS PORTAS E JANELASM DAS CATEDRAIS...

CONTINUA SENDO MUITO IMPORTANTE SENTIR....

ELAS SABEM QUE VIM VISITAR TUAS FOLHAS EM FA CES.

COROADAS ANTES DE AMOR COMO O SOL.

COM O MUNDO DANÇANDO ALEGRES RODAS.

CANTANDO A FARTURA E O FASTIO DAS CIVILIZAÇÕES.

APESAR DOS CAPOTES GROSSOS QUE ENCURTAVAM O FRIO...

DEPOIS DE MUITO OLHAR O CHÃO,

SEPULTO TUAS FACES AMARELAS E RESSECADAS,

A ELAS VOLTAREI EM OUTRO DIA DE RECORDAÇÕES.

QUANDO O AMOR MAIS UMA VEZ CONVOCAR-ME...

QUANDO AS ONDAS DE FRIO QUE BATEM LÁ FORA...

SUSSURAREM DE NOVO O TEU NOME...

E TEMPO DE OUTONO...

DE AMOR EM FOLHAS OUTONAIS..

.

A DOR, POUCA IMPORTA AS ESTAÇÕES

SEM QUERER RECOLHO UMA DAS TUAS FACES EM FOLHA...

SEM SABER MAIS PARA QUÊ.....

MAURICIO DE AZEVEDO

PEQUENA JANELA PARA UMA RAZÃO POETICA