Horas
Perdidas horas em que, insistente,
busco teu sorriso na fotografia.
Perdidas horas...
estático sorriso emoldurado
e os olhos ainda são tão vivos!
Cerro os meus a buscar-te em movimento
e a luz do sol poente no atrás do mar
embaça o olhar de sal.
Mesclam-se às águas e já nem sei mais
se vejo teu sorriso, sinto teu gosto
ou sinto tua mão a enxugar-me o rosto.
Perdidas horas se quero te buscar
e teu semblante se esvaiu de novo.
Mas que benditas horas, todas essas
porque se existe em mim algo de grande
– é quase um mar,
é esse leme – teu amor – que me sustenta ainda,
é essa praia que não canso de espiar contigo...
esse meu porto amigo.
Benditas horas desse barulho doce ao meu ouvido,
das ondas que ‘inda cantam junto à tua voz
que fazem acalmar a alma deserta.
E arrisco caminhar contigo e admirar-te ainda
por encontrar nesse meu rosto que restou
a alegria que insiste quando teu sorriso me ilumina.