Incontrolável rio

Todos os rochedos sucumbem a tua força

Pareces tão inofensiva, frágil, quebradiça

Mas de teu interior brota uma fonte

Que a mim atinge tal ressaca à costa

Destroi minhas barreiras, (in) conscientes

Penetrando em cada póro de meu corpo

Inundando meu coração, afogando minha alma

Assustado, grito por socorro. Sem resposta!

Submerso, meus gritos são bolhas a estourar na superfície

Mudas

Lembro-me a ciência de nadar

Já nadei águas turbulentas

Mas tua força é incontrolável!

Debato-me, em vão!

Arrebatado por teu poder, entrego-me.

Surpreendi-me ao abrir os olhos

Continuo vivo, respirando, vivendo (in) consciente!

Tuas águas me mantém!

Mais forte, vivaz, feliz

Rodopio, então, em rodamoinho

Atraindo todas as criaturas a testemunharem minha felicidade

Convencendo Netuno a abençoar nossa união

De outra feita não haveria razões para nadar

Rumaria, à sorte do curso fluvial, a desaguar no mar

Em águas insalubres me deixaria derrotar

Meu corpo alimentaria outros seres

Que ao retornarem a tuas águas ao fim de seus ciclos

Devolveriam minha vida, em pedaços, a você

Pois só em você encontro amor

Só em tuas águas eu sei viver!