Amor amigo

Não sei bem como consolá-la nesse momento,

Como dizer-lhe que sempre existirá um amanhecer,

Como dizer-lhe que a chuva não durará eternamente,

Como dizer-lhe que o fim não está contido no último capítulo,

Que após as montanhas desse quadro há uma paisagem muito verde,

Que os cactos com espinhos do caminho a machucaram muito,

Mas existem ervas curativas na floresta tropical do vale de emoções...

Não sei bem como dizer-lhe que serei sempre seu anjo da guarda,

Zelando por seus sonhos em cada noite escura sem estrelas,

Afastando o barulho das trovoadas a cada tempestade violenta,

Soprando borboletas em suas preocupações num sorriso apaixonado,

Esperando quem sabe algum dia ser notado por seus olhos verdes,

Segurando suas mãos a cada tremor de medo frente ao desconhecido...

Não sei bem como acender o candeeiro dos sonhos em seu interior,

Mas estarei aqui atraindo os vaga-lumes para iluminarem seu caminho,

Fazendo caleidoscópios coloridos de papel e cartolina para distrair-lhe,

Empinando pipas com poemas pintados com nanquim a bico de pena,

Clamando por um céu azul que possa despertar sua alegria juvenil,

E se nevar ao fim do inverno nós brincaremos de atirar bolinhas um no outro,

E faremos nosso boneco de neve com nariz de cenoura e cachecol de lã...

Não sei bem como sussurrar as palavras que há muito anseio dizer-lhe,

Como fazer esse sentimento silencioso falar ao seu coração desiludido,

Como pedir sua confiança depois de tantas mágoas que a vida lhe trouxe,

Como dizer-lhe que posso ser bem mais que o amigo de todas as horas,

Como abraçar-lhe e acarinhá-la entregando minha verdade num beijo,

Esperando que os sinos da paixão toquem em seus ouvidos como nos filmes,

E você deseje subir o vale comigo atrás daquela pipa azul chamada felicidade...