História de um guerreiro
Um dia, caminhando solitário
Por estes incertos caminhos da vida
Encontrei um velho sábio que se dizia
Senhor das artes da guerra;
E se ofereceu para me ensinar
As artes desta arte.
Ensinou-me a ser um guerreiro
A conhecer vitórias e derrotas
A nunca contar segredos a ninguém
E a saber extraí-los
A usar a força e a inteligência conjuntamente.
Um dia me disse que eu estava pronto
Que já podia enfrentar o mundo
Pois já conhecia a arte da guerra
Então como um lobo sedento de sangue
Saí por estes incertos caminhos da vida.
Vi amores tornarem-se ódios
Ódios tornarem-se amores
Vi muitas traições, jogos de interesses
Sentimentos fingidos
Enfim, vi tudo como o velho sábio
Havia me dito.
Então cansado de só assistir à guerra
Resolvi fazer parte dela
Traí amigos, maltratei paixões
Machuquei corações
Fingi amor, oprimi os mais fracos
E inteligentemente, aniquilei os mais fortes
Fiz tudo em nome da guerra
E esqueci de mim mesmo.
Venci batalhas, derramei sangue
Esbanjei sorrisos de vitórias
Obtive todos os tipos de tesouros
Possuí mulheres, mulheres de todas as maneiras
Era o mais poderoso dentre os poderosos
Era idolatrado por aqueles a quem judiava
Mas lá no fundo do meu íntimo
Lágrimas eu derramava.
Então, no auge de uma guerra, um dia
Conheci aquilo do que sempre fugia
Conheci o amor
Foi nesse dia que começou minha ruína.
Então arruinado, voltei à minha essência
E um dia ao caminhar solitário
Por estes incertos caminhos da vida
Encontrei o velho sábio
Que me ensinou a arte da guerra
E perguntei a ele
Porque não havia me ensinado
A vencer o amor
E ele me disse:
- A esta arte nada é superior.
Cícero – 20-07-92