Gitano
Ouço teu canto - Gitano -
ao som dum violino mágico...
Às vezes sutil e trágico,
divino e também profano.
Supõe acordes de céu,
partitura de cristal
e esconde gotas de mel
sobre o gume de um punhal.
Feitiço é teu realejo,
uma bússola sem norte,
revela uma falsa sorte...
Engana a vida com beijos;
depois vem o desatino
relatar que és impossível
e te vais com teu violino
num cavalo invisível.
O teu beijo, por fatal,
é doce porém cruel,
deixa num gosto de mel,
a cicatriz do punhal.
Se, destino ou sortilégio
eu não sei o que tu és...
Maldição ou privilégio
para quem cai aos teus pés...
Não te culpo nem condeno
pois, para mim, afinal,
és um sonho musical
numa taça de veneno.