LIMITES DA ILICITUDE.
Não absorvo a ilicitude,
que não seja dolo ou culpa,
por mais consciente ou não
que possa ser...
Entendo que a explanação
sempre é possível,
quando o amor é seu motivo.
Entendo, também, plausível
todo motivo que seja um motivo de amor.
Tudo o que é feito,
perfeito ou imperfeito,
em busca do amor,
refoge das amarras
do penitente pecador...
Toda a ternura que provém da alma
é justificada por si só.
Não é preciso buscar-se premissas,
que levem ao silogismo,
quando se retrai
do próprio egoísmo,
a busca do amor...
E o escopo penitencial
perde o seu carisma,
pois o próprio crisma
é do amor um puro ritual...
Os amantes não pecam,
eles se devoram
e na sua busca da paixão,
apenas, incorporam
os seus desejos...
São lícitos todos eles...
Nada é proibido ao Amor,
a não ser amar por compaixão,
pois, pior que a solidão,
é a solidão de dois que poderiam
ter compartilhado a vida,
mas se deixaram perder
pelos motivos imotivados
de um sonho deteriorado,
em que se fez o funeral do Amor...
Benditos aqueles
que amam em nome do Amor,
que não se importam
em vestir o manto da dor,
toda vez que a tempestade
desabar em seus telhados...
Porque a dor não faz mal ao amor...
O que lhe provoca de fato a infelicidade
é não buscar o caminho do retorno,
é não buscar a sua identidade,
que foi perdida nas teias do egoísmo,
pois tudo é lícito àquele que ama
e o único pecado,
que se pode ter praticado,
é o simples desamor...
Eis ai a ilicitude,
o pecado da falta de virtude,
o pecado de quem não sabe
encontrar seu próprio amor!