LIMITES DA ILICITUDE.

Não absorvo a ilicitude,

que não seja dolo ou culpa,

por mais consciente ou não

que possa ser...

Entendo que a explanação

sempre é possível,

quando o amor é seu motivo.

Entendo, também, plausível

todo motivo que seja um motivo de amor.

Tudo o que é feito,

perfeito ou imperfeito,

em busca do amor,

refoge das amarras

do penitente pecador...

Toda a ternura que provém da alma

é justificada por si só.

Não é preciso buscar-se premissas,

que levem ao silogismo,

quando se retrai

do próprio egoísmo,

a busca do amor...

E o escopo penitencial

perde o seu carisma,

pois o próprio crisma

é do amor um puro ritual...

Os amantes não pecam,

eles se devoram

e na sua busca da paixão,

apenas, incorporam

os seus desejos...

São lícitos todos eles...

Nada é proibido ao Amor,

a não ser amar por compaixão,

pois, pior que a solidão,

é a solidão de dois que poderiam

ter compartilhado a vida,

mas se deixaram perder

pelos motivos imotivados

de um sonho deteriorado,

em que se fez o funeral do Amor...

Benditos aqueles

que amam em nome do Amor,

que não se importam

em vestir o manto da dor,

toda vez que a tempestade

desabar em seus telhados...

Porque a dor não faz mal ao amor...

O que lhe provoca de fato a infelicidade

é não buscar o caminho do retorno,

é não buscar a sua identidade,

que foi perdida nas teias do egoísmo,

pois tudo é lícito àquele que ama

e o único pecado,

que se pode ter praticado,

é o simples desamor...

Eis ai a ilicitude,

o pecado da falta de virtude,

o pecado de quem não sabe

encontrar seu próprio amor!

Mariza Monica
Enviado por Mariza Monica em 24/02/2007
Reeditado em 14/03/2007
Código do texto: T391321
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