QUE ESPERAS?

O que esperas que eu te diga?

Que promessas? Que afã?

Tu desejas os meus dias,

os de hoje, ou os de amanhã?

Ou tu queres meu presente,

mais ausente que ele está?

Ou será que tu desejas

algo que eu já não sou?

Os meus sonhos estão mortos...

A minh'alma já partiu...

O meu corpo está inerte,

os meus olhos se fecharam...

Minha musa pelos ares

já se foi, pobre de mim...

Que será que, ainda, queres,

que me fitas tanto assim?

Por acaso é meu poema,

ou meu canto de amargor?

Pois se for uma outra coisa

_ e que um dia foi amor_

eu, então, não posso mais

dar-te nada, meu amor,

pois amor eu já não tenho,

que amor já me matou...

A esperança dentro d'alma

já partiu e me deixou...

Eu chorei e foi pior,

pois meu pranto revelou

que meu bem está perdido

para sempre, meu amor...

No entanto, eu percebo

que tu buscas algo em mim.

Fica, amor, com o que achares,

se sobrou algum valor...

Senão, parte. Inda é tempo.

Procura nova canção

e, quem sabe, um coração

que te possa muito amar...

Procura, amor, em minh'alma

a presença de um calor...

E procura em minha vida

o calor de uma presença...

Se tu achares, fica...é tua

a presença deste amor!

Não te iludas, entretanto,

pois meu canto sossobrou...

(15/09/72)

Mariza Monica
Enviado por Mariza Monica em 25/02/2007
Código do texto: T392925
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