MEU PEQUENO GIGANTE

MEU PEQUENO GIGANTE

PEDRO,

meu pequeno gigante,

meu mais dileto amigo,

graça que Deus me deu,

filho amado,

és lua à noite,

sol durante o dia,

meu mais vigoroso alento,

sabor especial da minha vida.

Sabes quanto eu te amo?

Não.

Não sabes.

Nem te animes.

É muito cedo ainda.

Mas, vamos, chutes aí um palpite!

Não?

Ta bom. Ta bem. Eu espero.

Eu sei que és ainda muito criança,

dois aninhos apenas.

Mas, já sabes falar

com aquele ar, quem sabe, de pretensa inocência

- “Papaizinho querido eu te amo”,

e não imaginas como eu fico feliz,

mesmo sabendo que é

porque queres alguma coisa naquele momento,

meu coração se derrete todinho.

Ah, a propósito:

Parabéns pra você,

nesta data querida,

muitas felicidades,

muitos anos de vida.

Viva o Pedro!

Estás a sorrir, nao é?

Vistes, eu também sei te fazer feliz?

Eu sei que ainda não te apercebes,

não te preocupas,

ou mesmo não te aporrinhas,

com certas coisas do mundo.

Por exemplo:

Com as diferenças de sorte entre as pessoas.

Com as desproporções de tantas coisas na vida.

Com a difícil sobrevivência para tantos.

Mas, deixas para quando fores adulto te preocupares.

Com o destino dos homens.

Com o futuro do mundo e da humanidade.

Com tantos sonhos perdidos por aí.

Com as perdas, as doenças, as separações.

Mas, desde já te aconselho:

Será promissor mais tarde e sempre cultuares as ciências,

e de maneira proporcional as religiões e as filosofias,

mas não te esqueças das práxis do dia-a-dia.

Nesse momento, eu percebo que só queres sentir a vida:

Sorrir, brincar, divertir.

Mas também vejo que, de repente,

sem um motivo aparente,

por capricho,

veleidade,

desatino,

irrompes a chorar, espernear, fazer birra.

Nesses momentos costumo te perguntar:

Pedro, tu és criança?

Não me respondes.

Tu já és muito maroto quando é preciso.

Mas, eu sei que tu és realmente uma criança.

E pergunto só por brincadeira.

Porque, na verdade, sei que sou capaz de defender,

até às últimas instâncias,

este teu momento,

este teu direito de ser e estar assim.

Mas eu repito:

Sabes quanto eu te amo Pedro?

Não, não sabes.

Não podes saber ainda.

Não te permites o tempo ainda.

Não obstante, não te preocupes!

Assim como tu,

nem mesmo eu dimensiono esse quanto.

Só sei que quando te olho,

de preferência, quando estamos brincando,

e te vejo alegre, feliz, sobranceiro,

e teus olhos radiantes sorriem,

o brilho que neles meus olhos percebem,

em minha alma aninha,

e minha vida enche de ânimo,

e feliz fica o meu dia.

E eu me pergunto então:

Porque a mercê de Deus tem sido,

com um tal como eu que não mereço tanto,

tão bondosa, tão benevolente, tão benigna?

Se bem que não me arrependo de nada do que fiz,

acredito, podia talvez ter feito melhor,

muitas coisas que fiz.

E posso ser talvez, se não for mesmo, um tanto indigno,

de tamanhas bênçãos, dádivas, benesses,

recebidas durante a minha vida.

Mas, PEDRO,

essa graça suprema de tê-lo como meu filho,

eu não mereço.

Deve ter sido um gesto liberal,

magnânimo,

generoso do Superior,

uma mera distração,

talvez um lapso.

Quem sabe mesmo uma especial atenção,

dessas que só acontecem em dias de sorte,

de folia, de comemoração,

quando os ânimos estão menos pressurizados.

Porque, ninguém é de ferro,

e até nos Céus,

deve haver dias de folga para a mente divina,

ceder-se a um tal cochilo,

mesmo para filhos pródigos,

miseráveis,

mesquinhos,

como teu pai.

E, por último, e não menos importante,

meu filho PEDRO,

quero dizer-te que te amo incondicionalmente e para sempre,

agora e em qualquer condição,

nesta e em outras dimensões, se assim as houver,

e sei que um dia vais ver,

que essa questão do “quantum” do amor,

é pura bobagem de se ficar pensando,

porque o amor não tem "quanto",

quando alguém ama,

ama simplesmente,

ontem, hoje, todo dia.

CARLOS VIEIRA
Enviado por CARLOS VIEIRA em 26/02/2007
Reeditado em 05/03/2007
Código do texto: T393630
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