A  SAUDADE NÃO TEM BRAÇOS
MAS ME APERTA O TEMPO INTEIRO
Odir Milanez da Cunha
 


Quando criança, ela estava
nos olhos de uma guria
que me contavam de dia
sonhos que à noite eu sonhava.
Seu olhar azul me dava
crença de amor verdadeiro
que, fugindo ao meu aceiro,
foi parar noutros espaços.
A saudade não tem braços
mas me aperta o tempo inteiro.
 

Atrás do tempo correndo,
em cada parada eu cria
numa nova fantasia,
que logo  via morrendo.
Junto aos sonhos fui crescendo,
e, crescido por inteiro,
como amante e companheiro
fui sofrendo alguns fracassos.
A saudade não tem braços
mas me aperta o tempo inteiro.

 
Agora, que sou adulto,
de musas mortas, passadas,
amadas e desamadas,
vez em quando vejo um vulto.
Entristeço-me ou exulto
quando o vulto, inda  faceiro,
diz ter sido o amor primeiro
a cuidar dos meus cansaços.
A saudade não tem braços
mas me aperta o tempo inteiro.
 

Se meu hoje é mais passado
do que crença no futuro,
quando muito eu me aventuro
a lembrar de amor lembrado.
Um pouco vive guardado,
outro tanto é viageiro,
um pouquinho tem roteiro
na saudade dos abraços.
A saudade não tem braços
mas me aperta o tempo inteiro.
 

Vivo, agora, um novo dia,
a vida pra mim começa.
Vou sonhar sonhos à beça,
abusar da fantasia.
Vou penetrar na poesia
como se fosse romeiro
peregrinando o vozeiro,
rezando a fé nos falaços:
A saudade não tem braços,
mas me aperta o tempo inteiro.
 


JPessoa/PB
18.10.2012
oklima



Souy somente um escriba
que ouve a voz do vento
e versa versos de amor...

 

 
oklima
Enviado por oklima em 18/10/2012
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