Meu depois é o antes do agora

Eu te amo agora

e o agora é já passado.

a cada segundo te amo

e te amo no passado.

todo o meu amor

é para ti passado.

o amor deste segundo passou!

mas eu te amo,

eu te amava

e te amei em cada verso acima.

amo, e esse amar

nesta linha já passou!

a minha incapacidade

humana, linguístico-temporal,

é dizer: amo-te,

sem torná-lo passado.

mas é isto, apenas:

esse amor, de cada segundo,

passa em cada segundo,

e cada segundo é passado;

é passado, ou foi passado!

– eu nem bem mais sei!

queria dizer-te o agora,

mas este é tão rápido

que me escapa à escrita...

meu amor por ti é novo,

a todo o momento novo;

novo e novo de novo, novamente!

Raios! queria dizer-te

que amo, e amo sem passar!

tu lê, e esse amor já não é!

é, não já, mais o mesmo

que escrevi, nem o que sinto agora:

é novo!

e é, meu amor, é muito, muito mais amor!

que o quanto me dói o tempo fugaz

me consola que cada segundo passado

foi amando que passei.

e, se o tempo estático fosse,

diria fixo: amo, sem passado...

mas este tempo me não para

e digo que amei!

os segundos são acúmulo

de tempo e são mais:

são acúmulo de amor.

e é assim que eu te amo:

cada segundo é acréscimo,

é cada vez mais!

se o tempo passa ligeiro

o que me não passa é esse amor

que senti e vou sentindo

que é só passado porque amo ainda

e será inda mais passado infinito.

Passa-me esse tempo,

passa-me esse mundo,

não me passa só você!

Vinicius de Andrade
Enviado por Vinicius de Andrade em 26/10/2012
Reeditado em 26/10/2012
Código do texto: T3953136
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