Você se foi... Tu chegaste!

Esperei tanto por ti,

Tantas vezes disse: “te amo”,

Chorei tua ausência, desfiz planos

E ainda hoje zombas de mim...

Meus olhos atônitos ficavam quando te viam

E meu coração disparava alucinado,

Um arrepio era o sinal desesperado

Dos desejos sequiosos de ter-te que me consumiam...

Naveguei pelos braços de uma esperança sem retorno

E me senti só a enxugar-me as lágrimas da madrugada,

Outra vez o sol brilhava anunciando uma alvorada

Que me trazia o desdém de ver-me abandonado de novo...

Durante meses aguardei eclodir tua paixão,

Pois de tua boca escutei que me amavas,

O tempo voou e pela brisa insólita que me enganavas

Destruíste o flúor que fecundava de amor meu coração.

Quantas vezes ansiei por teu abraço...

Quantas vezes sonhei dormir em teu peito...

Agora choro a amargura do devaneio desfeito

E no único beijo não te beijei, beijei o espaço...

A vida é linear e tudo segue em frente,

O mundo gira ao redor de nós e vêm outras etapas,

Na face do passado arquivam-se as velhas capas

Para que no futuro tudo possa vivificar diferente...

Donde menos esperava um novo amor surgiu,

Entregou à paciência o momento certo de vir à tona,

Perspicaz foi se aproximando demarcando zona

E no instante oportuno deu o bote e me seduziu...

Disse o clichê: a pressa é inimiga da perfeição,

Aventurar-se no escuro é perder de vista o objetivo,

Na agonia em que estavas poderia ser vão meu tiro,

Então decidi chegares ao desfecho de tua aflição.

Quando me viu acabrunhado a sofrer pelos cantos,

Teve a certeza de que a solidão me maltratava,

Assim chegou de mansinho, confessou que me amava

E me presenteou com o beijo que ofuscou meus desenganos...

Levou-se à velha casa onde vivera com seus avós

E se pôs a acariciar-me o corpo com ternura,

Desnudou-se e me vi perante uma nudez tão pura

Que de agora em diante sei que jamais estarei só...

Não posso ainda dizer que amo esta criatura profundamente,

Contudo estou consciente de que a felicidade bateu à minha porta,

Entrego-me ao recente sentimento e nada mais importa

A não ser usufruir de uma existência que não me é indiferente...

Sobre uma cama macia permito-me consumar o ardor

Que busquei sem resposta na pessoa errada,

Viajo no êxtase das carícias e não penso mais nada,

Já que desnudos e sem fantasias, saboreamos do amor!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 28/10/2012
Código do texto: T3957084
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