Pele e sendas
Permita-me, ao menos,
que eu possa tocar
teu rosto e lábios vinosos,
neste átimo corroído pela samora.
Nas ermas estradas do meu ser,
por vezes, tão doloridas
pela senescência vil.
No seral e sendas de tua alma,
a serpe sibila,
esconde os chocalhos
e o vípero cega - espicioso - o virgo de tua pele.
Oh! célere, de tons violáceos
o céu virente há de ser vincituro!
E teu corpo indômito,
de olhos negros e mansos
em meu corpo há de se unir.
Senão, teu mimoso cheiro,
bem sei, em meu samo guardarei - como relíquia sagrada -
Deus! a beleza dos lírios traz a tua presença.
Homem sengo e cordato,
povoa meu leito,
debruçado chora
suas mágoas de outrora.
E traz dentro de um poema
o eterno reprise:
a astúcia nas tardes mansas:
brisa e rosas cálidas.
Neste érebo edaz
que arrasta estrelas e as devora
num esgrimir cotidiano.
O nosso amor visceral,
aceso - perdura -
e epígono,
entre os bambus aflora:
na íntima geografia
da aura púrpura e noturna.