Pele e sendas

Permita-me, ao menos,

que eu possa tocar

teu rosto e lábios vinosos,

neste átimo corroído pela samora.

Nas ermas estradas do meu ser,

por vezes, tão doloridas

pela senescência vil.

No seral e sendas de tua alma,

a serpe sibila,

esconde os chocalhos

e o vípero cega - espicioso - o virgo de tua pele.

Oh! célere, de tons violáceos

o céu virente há de ser vincituro!

E teu corpo indômito,

de olhos negros e mansos

em meu corpo há de se unir.

Senão, teu mimoso cheiro,

bem sei, em meu samo guardarei - como relíquia sagrada -

Deus! a beleza dos lírios traz a tua presença.

Homem sengo e cordato,

povoa meu leito,

debruçado chora

suas mágoas de outrora.

E traz dentro de um poema

o eterno reprise:

a astúcia nas tardes mansas:

brisa e rosas cálidas.

Neste érebo edaz

que arrasta estrelas e as devora

num esgrimir cotidiano.

O nosso amor visceral,

aceso - perdura -

e epígono,

entre os bambus aflora:

na íntima geografia

da aura púrpura e noturna.

Verônica Partinski
Enviado por Verônica Partinski em 28/02/2007
Reeditado em 28/02/2007
Código do texto: T396535
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