REVELAÇÃO

Fraseava insignificâncias solenes

e infelizes de quem ainda muito faltava

a espantar-se em manhãs à matures repentina.

Intensa,

gargalhava tênues maravilhas:

instáveis desesperos desprezíveis

de uma menina!

Habitava planos inconcebíveis

sobre arrebois emersos a mim.

Pois se neste instante

é o que tenho contigo,

sutilmente,

bailavas ao me cruzar às tardes,

tuas tranças permissíveis

àqueles dias vitimados

à idade;

à menarca;

às pulsões;

aos insucessos de uma vida.

Naquela noite me veraneava

com tuas virgens fantasias,

e a lua derreteu-se em híbridos

dias.

Do calor de um janeiro,

vi surgir devotáveis primaveras.

Relegado à luz de tuas velas,

por onde enlaçou meu orgulho,

minha inocência se assentou;

em ti morou;

te amou.

Meus sonhos atraiçoavam

tuas vigílias.

Teu beijo jamais me retornou.

Minha existência

Explodida a anos

em recalcadas esperanças,

eu pensava:

“ainda me vinhas!”

Jamais voltou.