Perdida pelas avenidas poéticas

Sem destino, saí pelas avenidas poéticas...
Foi quando me lembrei de você:
“Quando penso em você, encho os olhos de saudades
Tenho tido tantas coisas menos a felicidade.”

Quando me apercebi estava na Avenida Cecília Meireles...
 
Parei... Aonde vou? Por que estou aqui? Saudade?
Mais a frente pego a Avenida Casimiro de Abreu
Diante de uma vitrine... Minha infância desenhou-se
“Oh! que saudades que tenho da aurora da minha vida,
da minha infância querida que os anos não trazem mais!”
 

De repente, um barulho! Corri, atravessei, segui pela
Avenida Castro Alves... Escravidão? Não!
Isso foi no século XIX! Será?!
 “... mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,”
 

Vou sair daqui, vou pela Avenida Camilo Castelo Branco,
“Amor de Perdição”?! Não, ainda não senti o que é
Amar tanto! Preciso respirar...
 
  Avenida Florbela Espanca, é isso!
“Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!”

 
Meu Deus! Estou perdida...
Vou seguir por outras avenidas...
Recomeço tudo de novo e dessa vez... 
Sigo pela Avenida Clarice Lispector...
 “Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário.

...
Um leviano e precipitado,
coração que acha que Tim Maia estava certo
quando escreveu... "não quero dinheiro,
eu quero amor sincero, é isso que eu espero...".
...
Um velho coração que convence seu usuário
a publicar seus segredos e, a ter a petulância
de se aventurar como poeta.”


Pego a Avenida Jacinta Passos... Onde o amor canta livre...
“Se me quiseres amar
não despe somente a roupa.
Eu digo: também a crosta
feita de escamas de pedra
e limo dentro de ti...”

 
Corro até a Avenida Manuel Bandeira, talvez
Já tenham encontrado “A Estrela da Manhã”, talvez...
 “Eu quero a estrela da manhã
Onde está a estrela da manhã?
Meus amigos meus inimigos
Procurem a estrela da manhã”

 
Com o coração cheio de saudades do amor que foi...
Chego a Avenida Eduardo Cavalcante...
“E assim, vivo a sonhar com o nosso amor
e tu, não sei se passas mesma dor.
 não sei se ainda te lembras dos meus beijos…”

 
Na Avenida Cruz e Souza quero ficar...
Sobreviver dos meus versos mortos, cheios de amor,
Embebecidos na tristeza d’alma.

Não, ainda é cedo... Preciso continuar...
 
A liberdade de ser livre ainda não se fez em mim
Uma segunda pele... Ainda ecoam em minha mente...
“ educai as mulheres! Povos do Brasil,
que vos dizeis civilizados!
Governo, que vos dizeis liberal!
Onde está a doação mais importante dessa civilização,
desse liberalismo?"

Trafego pela Avenida Nísia Floresta...
 
Perco-me nas nuances da Avenida Drummond...
 
Adentro-me na Avenida José de Alencar para viver os
 “Cinco Minutos” mais intensos já vividos de uma hora.
Não, quero mais que cinco minutos!
Quero todos os dias da minha vida,
Os teus lábios de mel a beijar-me,
Agora que estou perdida na avenida poética dos teus versos
De coração inebriado, virada pelo avesso...!






Edna Maria Pessoa
Natal-RN, terça-feira, 18 de setembro de 2012, 23h11min: 29