Teus versos, meu poema

Teus versos, lidos no silêncio

da noite insone,

despertaram na Bacante

outros sentidos.

O Mestre dissoluto utiliza,

com maestria, as tintas fortes

e inspiradoras do desejo.

Ela – a Bacante –

também nau perdida,

não sabe o que fazer com o poema,

e naufraga em verdes mares.

O Mestre, outrora argonauta,

hoje navega por outras águas.

Talvez nas lágrimas da Poetisa,

ou mesmo na taça de

vinho que a Bacante verte.

Ambos, uma vez mais,

embriagados nas

cores rubras, quiçá roxas

de prazeres afins.

Ulisses não sucumbiu

ao canto das sereias, por Penélope.

E tu dizes que trocaria

tal melodia pelos

encantos da Bacante.

Penélope tecia os fios da trama,

à espera do amado.

A Bacante tece os fios

do desejo, em busca do amante.

Enquanto isso, a Poetisa

retira-se da cena, e de

longe recolhe resquícios

desse intrincado enredo.

O Mestre, errante peregrino,

vaga por praias antes conhecidas

guiado pela luz do velho farol.

A carta náutica, escrita em segredo,

orienta – ou desorienta – o Mestre.

Em silêncio, a Poetisa desfolha

a rosa dos ventos e a Bacante,

simplesmente agradece.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 20/11/2012
Reeditado em 20/11/2012
Código do texto: T3994983
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.