ALLEGRO NON TROPPO

 

A manhã se dá em meio á poeira,
e aos sulcos das rodas da caravana.
Arrasta-se a vida nas patas dos cavalos,
anima-se o coração com a lembrança achada
no perfume de uma dançarina flutuante,
não importa se argentina ou chilena.

Foi-se o tempo de seguir tão lento,
e a mesma estrada permanece, inalterada.
Às vezes o violino fala alguma coisa,
pelos dedos gastos de quem esqueceu o que guardava.
Só um suspiro, da moça que vai em frente,
só um olhar tingido de negro,
de quem irá mais longe, para além de quem aguarda.

Esse parque montado à beira da estrada,
com suas montanhas russas e lâmpadas quebradas,
com esses mágicos que irão morrer em breve,
e essas equilibristas com fome de nada,
será uma catedral submersa na poesia.
Onde os ciganos lerão minha sorte traçada,
onde, não mais habitando esse tempo,
me despedirei do que chamo: minha morada.

 


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To Otto

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 22/11/2012
Código do texto: T3999807
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