ÚLTIMA PÉTALA.
Pétala última que me aguça os desejos.
Que me rompe cruelmente as fibras .
Que me escaramuça o dócil sono.
Que me talha o sangue no gelo do ato.
Pétala única que me enverga os planos .
Que me acalma e me enrijece.
Que me estremece e me trás suaves sonhos.
Que me faz esquecer as regras dos jogos .
Única pétala na embriagues dos tempos .
Na lucidez desmedida me atira a eterna algema.
Abranda a onda rude que lhe sob as veias .
E sinta-se suave a textura da alma .
Pétala única de corola intumescida .
Não sinta-se a última a curvar sob a rispidez do vento .
Eu lhe digo e afirmo com a pureza das lágrimas .
És a única que me aponta a vida.
Derradeira pétala de um jardim abstrato.
Não tente enrolar a língua do fogo.
Que te cora os planos, e te doura os sonhos.
Te ruboriza o lépido sorriso , e te subtrai a sensatez do verbo.
Pétala última , pétala única,derradeira pétala.
Se cair com as lufadas do vento .
Acreditarei que és frágil como louça em queda .
Que és fria como a falso sorriso .
Que és criminosa , maldosa , tirana .
Por pregar no meu peito ardente
A gélida lápide tumular .