ÚLTIMA PÉTALA.

Pétala última que me aguça os desejos.

Que me rompe cruelmente as fibras .

Que me escaramuça o dócil sono.

Que me talha o sangue no gelo do ato.

Pétala única que me enverga os planos .

Que me acalma e me enrijece.

Que me estremece e me trás suaves sonhos.

Que me faz esquecer as regras dos jogos .

Única pétala na embriagues dos tempos .

Na lucidez desmedida me atira a eterna algema.

Abranda a onda rude que lhe sob as veias .

E sinta-se suave a textura da alma .

Pétala única de corola intumescida .

Não sinta-se a última a curvar sob a rispidez do vento .

Eu lhe digo e afirmo com a pureza das lágrimas .

És a única que me aponta a vida.

Derradeira pétala de um jardim abstrato.

Não tente enrolar a língua do fogo.

Que te cora os planos, e te doura os sonhos.

Te ruboriza o lépido sorriso , e te subtrai a sensatez do verbo.

Pétala última , pétala única,derradeira pétala.

Se cair com as lufadas do vento .

Acreditarei que és frágil como louça em queda .

Que és fria como a falso sorriso .

Que és criminosa , maldosa , tirana .

Por pregar no meu peito ardente

A gélida lápide tumular .

Angelo Dias
Enviado por Angelo Dias em 25/11/2012
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