Chamas

Turbulência na noite

Vândalos se encontram, planejam...

Jazia na cama aquele corpo inerte

Houvera amor, selvageria

Houvera sexo, morte.

O encontro dos polos

Rubras faíscas crepitam ao extremo

Luta animal

Instintos vorazes vêm à tona

O tempo pára, nada existe

Só busca, fremente, freqüente

Enlaça, domina, tortura

O contato transcende o físico

Espíritos voyeur amam-se sem prazer

O leite não contém fertilidade

O símbolo puro, alvo bem-querer

Paredes testemunham o ruflar de suas asas

Deusa Egípcia da Beleza

Homens escravos do seu vício

De querer sempre mais

Trôpegos, afastam-se saciados

Do prazer de ver e beber

A torrente de almíscar flui

E arrasta as multidões para o fundo do abismo

Chamas crepitam

Deusa Asteca do Sol

A um pequeno toque

O Universo inteiro se desfaz

Consome-se em chamas

Chamas abençoadas

Chamas de amor.

CARLOS CRUZ - 1991