Nua
Tens finos pés, calçados em fechados, finos
Saltos, acompanhados de pernas compridas
Em frágeis meias-calças, eternas guaridas
Da incompostura que uniu nossos destinos.
Por favor, tira tudo, tira! os pequeninos
Pezinhos dos sapatos, e as escondidas
Pernas dessas inúteis meias enxeridas
E abra caminho para muitos desatinos!
Quando vestida és turbilhão, procela em calma,
Mar aberto, recôndito lar de meu fado
Por onde desespera a vontade expedita!
Quando desvestida és ainda mais bonita
Porque teu açucarado peito aveludado,
Leito de mim! parece anunciar-te a alma...