Poema de Amor III
Perdido no negro abismo da indiferença
Prostrado no pó amargo do nada
Vi surgir, insana e linda
A negra pantera
Seus olhos felinos espreitaram meu medo
Suas narinas fumegantes aspiraram meu odor
O salto foi dado
Bote certeiro
Garras afiadas cravadas nas costas
Sua boca, a esmo, procura a fonte
da vida
Rolamos na relva em luta acirrada
Mordidas, arranhões, beijos à força
Instante imortal
Meu falo teso procura a fonte
de prazer
A penetração
Instinto, amor, paixão
Suprema e perfeita perdição
A transformação
Negra pantera tornada amazona
Destra, cavalga veloz
Seus cabelos negros em desalinho
Balançam no ritmo de seus quadris
O gozo se aproxima, avoluma
Explode em ondas espasmódicas de prazer
Não à saciedade
Quero mais, muito mais
Eu te amo!
CARLOS CRUZ - 1992