O ESPELHO

Vejo o meu rosto no espelho de tua pele

e percebo as rugas

provocadas pelo tempo queme corrói.

Vou morrer, não sei se de velhice ou doença,

não sei se de amor.

Eu te amo há muitos anos

e os anos cansam.

Esse amor cansado precisa se estender

sobre a rede de tua carne

e fechar os olhos

e sonhar um país outro

de perdão,

de compreensão,

de aceitação dos fatos

da velhice que vem.

O espelho não me julga

e eu espero ter a candura

de saber seguir sem chorar.

Deodato
Enviado por Deodato em 06/03/2007
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