O Poeta E O Cavaleiro

No ápice do meu pensamento eu lembrei que tudo fazia sentido

Foi naquela noite que eu me transformei

Sorri para todos, menti e gritei:

- Eu estou bem!

Agora o fogo é apenas cinzas

O sol se escondeu e a chuva canta a música do meu coração

Nada nunca será igual a minha doce canção...

Nos confins da terra lá estava ele

Perdido segurando uma espada quebrada

Lama e água na cara

Ele só queria uma recompensa por seu esforço

Mas o seu exercito morreu

Sua princesa se foi

E o rei o exilou

Agora ele vaga pelo vale não mais verde

Contando os dias de uma próxima guerra

Domando no silêncio a sua fera

O seu lado mal para não ferir as pessoas de bem

Aquelas que ainda valem a pena lutar

Porque ele jurou sob a lua dourada não fazer ninguém mais sofrer

Escondeu seu coração em uma caverna e esperou

Porque só queria ver um mundo melhor amanhecer...

A última estrela se foi e o céu ficou mais escuro

Então eu escrevi

Versos para me fazer feliz

Palavras de uma era distante onde você deixou de existir

Onde a realidade com a fantasia passou a se fundir

Entre esses mundos eu caminhei absoluto

Na fronteira minhas lembranças se tornaram Deuses

Alimentadas por uma linda história de amor

Que nunca aconteceu

Sonhos ilustrados a partir de uma dor

E eu fechei o portal!

Gritos se ouviram de longe

Desespero em muitas madrugadas

No fundo eu estava ali pertinho jogando toda magia no esgoto

Eu me tornei meu próprio poço!

Assim algemado a árvore da casualidade

Vou escrevendo em paz nessa dimensão

Uma sala pequena chamada imaginação

Sem medo de moldar a realidade a minha volta

Vou encontrar um caminho, um retorno quando necessário

Serei feliz lutando, não serei mais um andarilho derrotado...

No fim das colinas cinzentas um grito se ouviu

Um grande dragão surgiu

A lâmina passava sem afetar o monstro a sua frente

Contudo ele estava decidido

No começo o chamaram de idiota

Pisaram na sua malha, mancharam sua glória

Porém apenas ele se dispôs a ajudar os camponeses

Porque ele sempre soube que era um deles!

Entre chamas e destruição

O cavaleiro se ergueu

Ninguém acreditava como

Contudo, durante sete noites ele batalhou

A cabeça do dragão ele conquistou

Seu nome não era importante,

Ainda sim sua proeza foi contada a mil povos

Destemido guerreiro que destruiu a besta de olhos verdes

Que deixava todos isolados escondidos

Que matava os seus filhos

Em suas asas carregava para longe a esperança de todos

Era tão grande porque todos o superestimavam

Um monte de sentimentos ruins que se juntou e criou forma

Conjurado por um mago do mal chamado Nefasto

Um homem sofrido e por todos desprezado.

A lua dourada se fez novamente

Trazendo aquele feitiço antigo

Do outro lado do rio ele o viu!

Os dois se encararam

Rostos iguais e corações diferentes

Almas errantes

A luta foi iniciada

Raios trovejaram e as plantas morriam

Mesmo ferido o cavaleiro esquivava de todas as maldições

Uma tempestade era invocada

Com a espada presa no terreno firme ele abriu os olhos

O jovem do outro lado era o seu passado

Sem a espada, sem os amigos, sem a coragem

Sem o seu brilho retocado por uma mensagem

Uma carta escondida debaixo da cota sobre o peito

Onde jaziam as palavras da única que ainda esperava um retorno...

“Sobreviva meu poeta, acorde deste sono porque eu te espero do outro lado! No lugar onde você sempre gostou de caminhar, me observar, volte, abra a sua mente.”

- Desculpe, mas você perdeu – eu disse em lágrimas enquanto atravessava meu coração com a espada fria e a poça de sangue que ali se formava abriu novamente o portal...

Os olhos vão se abrindo lentamente e vejo esboços

Ouço choros de todos os lados e percebo soluços

Para minha surpresa era real

Ela estava lá me esperando esse tempo todo

Meus pais choravam de alegria

Meus melhores amigos me abraçavam

Como um milagre eu ressurgia do coma os médicos diziam

Chamei ela do lado e disse em seu ouvido o que nunca tive coragem

- Eu te amo – a voz saiu rouca

- Eu sei – respondeu ela com os olhos já vermelhos e úmidos segurando minha mão esquerda.

Nem tudo acaba bem, mas naquele momento deitado ali naquela cama ao seu lado em um hospital desconhecido lendo meu último poema deixado anos atrás antes de tudo acontecer, nos beijamos e eu soube que estava bem de verdade e o que faria para tudo aquilo valer a pena...

No pedaço de papel escrevi uma linha

Um título para o futuro

Uma mensagem dizendo que o amor sempre nos trás de volta

Nos faz bem e nos cuida

Seu nome era uma referência a dois dos meus lados

O Poeta e o cavaleiro

Porque já estava morto o velho mago.

Embora a paz reinasse mais uma vez, eu sabia que um dia ele renasceria e teria que lutar novamente, mas dessa vez eu não estaria sozinho.

Com amor e carinho de um amigo distante do outro lado do portal.

“JJ”

Jony Mex
Enviado por Jony Mex em 14/01/2013
Reeditado em 15/01/2013
Código do texto: T4083679
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